Desenvolver Jogos Indie
- Bernardo Slack
- 6 de mar. de 2017
- 4 min de leitura
Para sermos desenvolvedores de jogos independentes, precisamos ter em mente que não somos iguais a um estúdio de jogos AAA, ou seja, não criaremos trabalhos como God of War, GTA ou Horizon Zero Dawn.
Precisamos ter os pés no chão e conceber projetos simples e possíveis.

Planeje bem o seu escopo
Em primeiro lugar, você deve saber para quem seu jogo será feito e qual a experiência você quer que ele sinta enquanto joga. Depois desses perfis definidos, basta seguir o processo natural de criação e concepção.
> Quer ler mais sobre o processo de criação? Veja nossas análises sobre criar experiências, missões paralelas, como pensar em estrutura de jogos, como criar chefões e base de dados.
Pense no jogo antes de começar a desenvolver e só comece projetos que você seja capaz de terminar.
"Simplicidade é o último grau de sofisticação"
Leonardo da Vinci

Defina quantas horas por dia serão possíveis para se dedicar ao projeto e estabeleça prazos para cada atividade do projeto. Quanto mais destrinchadas as metas forem, melhor será a sua organização de trabalho e capacidade de realização.
É importante frisar que quanto melhor for esclarecida a experiência que seu jogo propõe, mais difícil será você se perder no caminho. Nunca pare de observar as estrelas, mas sempre mantenha seus pés no chão.
Saiba onde está se metendo
“Faça o que puder, com o que tem e onde está.”
Theodore Roosevelt

Muitos estúdios indie quebram por acreditarem somente na parte romântica do mercado de jogos. É claro que passar oito horas por dia concebendo fantasias, terror, aventura e ação é muito maravilhoso, mas, como em qualquer outro mercado profissional, existem questões burocráticas, comerciais e financeiras.
Enquanto se desenvolve um jogo, é preciso solidificar a estratégia e ação de Marketing, Relações Públicas, Logística e Financeiras.
Trabalhar com jogos não se trata apenas de criar.
Muitas pessoas se iludem em pensar que jogos são apenas diversão, mas seu tempo será dividido entre criar e lidar com e-mails, reuniões, contabilidade, público etc. Sim, isso é tão vital quanto criar o jogo em si e, honestamente, é muito chato. Mas não podemos desistir porque existe algo difícil ou monótono. Novamente, em qualquer atividade profissional existem as partes boas e ruins (na verdade, em qualquer parte da vida como um todo).
Um jogo não se vende sozinho
Nunca acredite (na mentira) que algo é vendido por si só.
Sussurro amigo: nem mesmo as maiores companhias do mundo acreditam nessa ideia.
É importante elaborar planos de distribuição, divulgação e solidificação da marca na memória das pessoas. Trabalhos como acompanhamento de venda, interações em redes sociais e a busca de feedbacks são fundamentais.
Caso você esteja iniciando, ou não tenha experiência em algum desses tópicos, observe como outras empresas do setor atuam no mercado. É sempre inteligente enxergarmos os comportamentos à nossa volta.
Entre em contato com outros estúdios, cheque suas formas de divulgação e interação, tente marcar encontros pessoais com profissionais do ramo ou busque alguns dos seus conhecimentos nem que seja via e-mail. Uma pergunta respondida já ajuda muito. (E põe muito nisso).
Mantenha os pés no chão
Um ponto crucial sobre criação de jogos é budget (despesas). Esse cálculo se tornará mais assertivo e profissional conforme você trabalhar em criar mais e mais jogos, contudo, é fundamental tentar fazê-lo sempre antes de começar o projeto e atualizá-lo de acordo com uma periodicidade fixa.
Conheça sobre taxas que terá que arcar com o que está criando, tenha as licenças dos softwares originais, os custos por artes, músicas etc. Nunca será legal visitar o tribunal por motivos de pirataria, uso inapropriado de direitos autorais ou quaisquer outros casos. Seja honesto com seu jogo, com seu público e com o seu mercado, só assim você será capaz de prosperar.
Além disso, sempre deixe uma “gordura”, ou seja, um valor para despesas extraordinárias, pois, sempre pode ser que algo dê errado durante o processo e você não vai querer que isso seja o fim de tudo.
“Honestidade é o primeiro capítulo no livro da sabedoria”
Thomas Jefferson

Teste seu jogo e deixe o seu ego de lado
Fazemos jogos para as pessoas e não para nós mesmos. Temos de reconhecer, respeitar e aceitar as diferenças, limitações e interesses dos nossos públicos.
Sempre que formos criar um jogo, temos de ter por perto exemplos do perfil do nosso target para testar o game. Quando isso não acontece a chance de fracassar pode aumentar consideravelmente.
Enquanto os testes são aplicados, muitas partes são alteradas, experiências ajustadas e outras excluídas. E muito comum criarmos um apego ao jogo que estamos concebendo. É natural em qualquer processo artístico, contudo, não podemos deixar que nosso sentimento se torne uma barreira para o aperfeiçoamento ou a correção.
Se sentirmos que estamos batendo muito de frente com alguma etapa ou ideia, é preciso parar e se afastar um pouco. Algo está errado e precisa ser corrigido. Brigar nunca será a solução, mas sempre um alerta vermelho.
Não estou falando que sempre devemos ceder quando houver oposição, mas é preciso estar seguro do que for decidido e, para isso, nada melhor do que embasamentos. Seja com os testes, exemplos de sucesso ou o que mais for relevante, mas o achismo só existe com profissionais de mais de décadas. A intuição é sua amiga quando ela tem no que se provar.
Observação: se você estiver trabalhando com outras pessoas, faça contratos. Isso pode parecer bobagem, ou até mesmo um estorvo, mas, mesmo que com amigos, isso pode salvar muitas dores de cabeça no futuro. Transparência e esclarecimento antes de começar as atividades solidifica o trabalho em equipe.
Seu segundo projeto será melhor do que o seu primeiro. Se o seu novo projeto não for melhor do que o primeiro, tudo bem, o próximo será.
Não desista se falhar, mas não deixe de tentar melhorar.
“Em teoria, não há diferença entre Teoria e Prática. Na prática, há.”
Yogi Berra

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Até a próxima!
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