Mercado Indie Brasil - Entrevista com Tarcísio Michels
- Bernardo Slack e Natalie Peon
- 25 de abr. de 2017
- 4 min de leitura
O be Slack vem crescendo e com isso nossa preocupação com a profundidade de conteúdo também.
Pensando em como encontrar novas perspectivas de mercado e interessados em outras visões e experiências, decidimos entrevistar os profissionais do mercado indie brasileiro que já estão dando seus passos e que também querem ajudar a fazer esse cenário crescer.
Hoje lançamos a nossa série e o primeiro participante é Tarcísio Michels da StreamSoft Games.

Qual a sua formação educacional/profissional?
R.: Em 1998 comecei a fazer a faculdade de Tecnologia da Informação, mas por problemas familiares tive que parar (fiz apenas 1 ano), depois disso passei por várias outras áreas, trabalhei em algumas multinacionais, tive meu próprio lava-jato, fui caminhoneiro durante 1 ano e depois disso acabei caindo de volta na área de tecnologia, só que dessa vez tudo que eu aprendo é pesquisando e correndo atrás, não fiz nenhuma faculdade. Já sou analista e desenvolvedor de sistema há 8 anos.
Como começou sua carreira em jogos?
R.: Comecei há uns 3 anos, fazendo alguns tutoriais que encontrava pela internet.
Qual foi o primeiro jogo que criou e como foi essa experiência?
R.: Meu primeiro game foi o Baby Bat, um game baseado no Flappy Bird, foi feito mais para estudos mesmo. Depois ele sofreu algumas mudanças, mas não chegou a ser publicado pois se perdeu em algum Backup mal feito.
Hoje em dia, com um olhar mais maduro e profissional, como enxerga esse jogo?
R.: Eu enxergo ele como meu primeiro passo. Foi dele que reacendeu a vontade de trabalhar com games que vem desde quando era criança e jogava Atari, Mega Drive e SNES.
Quais as principais dificuldades enfrentadas na carreira de jogos desde o começo até hoje?
R.: A maior dificuldade que enfrento até hoje é não poder trabalhar 100% do meu dia com games. Hoje preciso me dedicar aos meus clientes e o pouco tempo que sobra aplico aos games. Pois, hoje, os games ainda não me trazem nenhum retorno financeiro; trazem apenas satisfação e prazer.
Qual a dica para as pessoas que querem ingressar no mercado de games?
R.: A dica que eu dou é: Apenas Comece. Faça o primeiro game, publique, disponibilize-o de alguma forma e vá acompanhando os feedbacks dos jogadores. Dessa forma seu jogo vai evoluir e você evolui como profissional - Ganhando muito XP na vida. [Risos]
Qual a estratégia de marketing que você crê ser a mais eficiente para o lançamento de um jogo?
R.: Essa é uma pergunta muito interessante, mas ao mesmo tempo complicada de responder. Eu acho, acho não, tenho certeza de que o marketing tem que começar com o desenvolvimento do game, pois, é o marketing que vai vender o game.
O Marketing é tudo hoje, sem ele o game é apenas mais um por aí. Existem casos de games sem marketing nenhum fazerem sucesso, mas isso é raro. Então quando alguém for montar uma equipe de desenvolvimento não esqueça do Marketing, pois ele que trará resultados.
Em sua palestra (BGC Rio 2017) você citou temas como o valor dos impostos, as oportunidades que existem no mercado brasileiro, a imposição da língua portuguesa e estimulou os participantes a publicarem jogos.
Gostaria de deixar este espaço livre para você falar diretamente com o nosso público – desenvolvedores de jogos, pessoas interessadas no mercado em geral e familiares que querem entender melhor o mundo em que seus filhos estão imergindo. Escreva à vontade:
R.: Bom, impostos estamos cansados de saber que é o que atrasa nosso país, né! hoje já pagamos impostos até para respirar, mas não é por causa dele que vamos deixar de fazer o que gostamos - Desenvolver Games. Bom vou tentar passar algumas coisas aqui que possam ajudar a quem está começando ou quem quer começar.
Se você tem uma ideia guardada na sua cabeça de um game que queira desenvolver o primeiro passo é tirá-la logo da cabeça e passar para o papel; pegue um caderno e comece a escrever, detalhe bem, faça rabiscos de cenários, personagens etc. Mesmo que você não seja um artista, apenas rabisque, pois, quando você passar essa sua ideia para um artista e ele ver os rabiscos e ler a sua história, vai conseguir passar tudo isso para arte do game.
Não podemos perder tempo. Aí você me dirá: Claro Tarcisio tempo é dinheiro! E eu vou dizer que tempo é algo mais importante, tempo é vida e a vida vale mais que qualquer dinheiro e esse tempo que perdemos para começar a fazer o que amamos vai sendo subtraído das nossas vidas e isso não volta mais. Eu sempre digo que precisamos fazer o que amamos, pois, essa satisfação de fazer o que ama que trará os resultados.
Então não perca tempo, apenas comece a fazer o que ama, isso vale para qualquer coisa na vida. A área de games é gigante, existe dezenas de coisas que podem ser feitas nessa área e tenho certeza que se você procurar vai achar algo que você possa fazer. Eu não gostaria de ver milhares de pessoas trabalhando nessa área porque é um mercado Bilionário, eu quero ver pessoas que amam games trabalhando nessa área porque ela lhe faz bem.
Apenas comecem!
Comecem a tirar as ideias da cabeça, tire aquele game que você fez e está engavetado. Mostre ele para o mundo e não tenha medo. Críticas negativas virão e virão mais do que as positivas, mas quando vem aquela critica positiva, aquele elogio pelo trabalho bem feito; isso é muito gratificante, é como combustível para continuar trabalhando.
Ah! E não esqueça de sempre tentar passar alguma mensagem com o seu game.


Para ler nossa entrevista com Felipi Arena que também fala sobre o Mercado Indie no Brasil, clique aqui.
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