Por que você deve jogar SkyKings e Bad Merlin
- Bernardo Slack
- 13 de abr. de 2017
- 4 min de leitura
Temos falado bastante sobre o desenvolvimento de jogos no Brasil e, claro, não poderíamos deixar passar em branco aqueles que já estão lançados e disponíveis para o público.
É importante deixar claro, antes de qualquer tipo de avaliação, que as condições, o preparo, os investimentos e a experiência contam – e muito – para o resultado de cada produto.
Não podemos olhar jogos indie de pequenos estúdios com a mesma ideia de estúdios consagrados.
“Contei com a ajuda de alguns profissionais que conheci pela internet e contratei como freelancers para conseguir criar o SkyKings. Não é fácil ter uma equipe, contratar pessoas para montar um estúdio e trabalhar com foco no seu jogo. Pretendo me dedicar somente a isso algum dia, mas hoje eu sou profissional de TI e trabalho com sistemas para serviços de logística.”
Tarcísio Michels – Sócio fundador e Game Designer, StreamSoft Games
SkyKings é um trabalho bastante dedicado e fruto de muito orgulho para Tarcísio, que é mais um em meio a tantos outros profissionais que, assim como nós, acreditam que um dia o mercado de jogos será respeitado e valorizado como deve ser.
Com gráficos no estilo clássico de PC Game, conta com uma mecânica interessante.
A coleta de combustível torna a aventura totalmente focada em sobreviver e não destruir os inimigos, diferenciando-se, assim, dos demais Shoot 'em up.
O jogo ainda sofre um pouco com a movimentação engessada, que poderia ser algo mais livre, permitindo que o player se movesse mais facilmente, mas, ao mesmo tempo, isso também é um desafio a mais para ser superado, tornando o ambiente mais realístico.
Existem outros detalhes de jogabilidade que podemos destacar, como o surgimento inesperado de determinados inimigos, ou até mesmo pontos estratégicos onde é preciso escolher qual o lado seguir e isso vai definir se você vai continuar ou se sua aventura acaba ali.
O jogo a todo momento provoca uma mistura de aceleração e freada, forçando o player a aprender o quanto antes a dominar a sua estratégia.
Por fim, a variedade de naves e a forma de evolução em cada uma dá uma sobrevida ao jogo.
Apoie o mercado nacional!
“Estamos estudando maneiras de internacionalizar nosso produto, ainda que saibamos que deveria ter sido assim desde o início do processo, tivemos que ir pelo caminho mais seguro. Bad Merlin é um jogo com uma temática popular e isso já ajuda o processo. Agora estamos trabalhando em questões como idioma e na mecânica.”
Nicole Barbosa – Fundadora e Produtora, Square 12
Bad Merlin é um jogo de plataforma que engloba mecânicas no estilo clássico do Super Nintendo.
Um jogo feito com muito entusiasmo e brilho nos olhos, carrega todo um enredo de fantasia medieval com um visual bastante atraente.
Seu gameplay é simples e de fácil compreensão para o jogador.
A possibilidade de diversos caminhos pelas fases torna a experiência mais divertida e interessante – você nunca sabe o que está deixando de lado.
O jogo conta com a possibilidade de utilizar personagem masculino ou feminino o que é muito bacana. No momento da escolha observamos uma locução que podemos perceber a personalidade do herói. A dublagem é bem bacana e divertida, aliás, o jogo todo é narrado como um processo de uma história contada – não o gameplay, mas durante os CGs.
Por fim, a variedade de fases e o crescimento da dificuldade são fatores que agradam bastante ao jogador.
Apoie o mercado nacional!
É sabido que no mercado indie, uma decisão errada pode arruinar um estúdio.
O fracasso de vendas pode ser significativo o suficiente para que não haja recursos o suficiente para o próximo projeto. Nesse momento surge o paradoxo do desenvolvedor independente – Livre para criar, dependente de lucrar.
Muitos empacam nesta etapa porque o medo para investir em algo completamente novo toma conta da segurança de investimento e a decisão acaba caindo para o lado mais seguro da coisa. Contudo, isso pode ser o maior tiro no pé para um produtor; ao mesmo tempo em que o incerto é arriscado, é justamente ele que alavanca um produto marginal ao núcleo forte da indústria de jogos.
São os jogos indies que trazem para o mercado novas mecânicas, novas temáticas e até mesmo novas experiências.
Exemplos de sucesso são observados constantemente, vide Flappy Bird, que não tinha perspectivas nenhuma, mas envolveu todo o mundo. Um game curto, pequeno e com uma única premissa: não se irrite. Quem jogou sabe, quem não, perdeu uma boa oportunidade de dar umas risadas com os colegas.
Não desista!
Não será fácil entrar nesse mercado e se consolidar de maneira profissional, mas nada na vida é fácil.
Se você quer ser desenvolvedor de jogos, lute com tudo o que tem pelo maior tempo que puder. Em algum momento, você vai perceber que a luta já se transformou em rotina e tudo será mais simples e possível até o momento em que você vai conseguir.
É bastante importante a gente lembrar que estamos falando de profissionais que ainda não podem dar 100% de si na concepção de seus jogos. O cenário socioeconômico atual do país está ruim.
Nos casos citados, um dedica algumas horas de seu dia para a criação, no outro é uma equipe jovem que ainda não têm experiência e recursos para disputar com os grandes estúdios.
Só existe uma maneira de conseguirmos mudar isso e nos tornamos tão grandes quanto os demais países: é apoiarmos, incentivarmos e colaborarmos com esses profissionais.
Hoje eles engatinham por esse mercado, daqui a dez anos serão peças importantes para o seu sucesso. Nós podemos ser também se jogarmos juntos com eles.
Apoie o mercado brasileiro de games. Ainda não somos capazes de criar games do nível Zelda, GTA, FIFA etc. mas em breve seremos.
A Torre Eiffel foi inaugurada para a Exposição Universal de 1889. A Nintendo foi fundada no mesmo ano, como uma empresa que fabricava jogos de cartas.
A partir de quando o mundo começou a conhecê-los e admirá-los? Eles não desistiram e nós estamos lutando para que você também não.
Apoie o mercado nacional e vem jogar com a gente!
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